Diário de bordo

5ª feira, 25 de Março
Despertador. 5 e 30 em Portugal, 7e 30 em Istambul. Pequeno almoço no restaurante do hotel e autocarros junto à entrada às 9h. (O Jantar da véspera permitiu que entre os grupos das várias escolas e países se trocassem as primeiras palavras e portanto a manhã inicia-se com a troca de sorrisos entre os pares). A jornada começa com uma visita à Escola Samandira Endustri Meslek Lisesi – a escola envolvida no projecto. Formalidades e apresentações. Os alunos recebem-nos exibindo os seus uniformes e um ar bem-disposto. Percorrem-se as salas de aula – oficinas - patrocionadas por marcas como a Kia e onde os alunos atendem às aulas práticas dos cursos de Mecânica e Electrotecnia…
Os mais atentos estranham o ar novo das máquinas e até há quem pergunte como conseguem manter os aparelhos tão impecavelmente limpos.
Em algumas salas de informática, os colegas de informática caldenses observam a inexistência de ligação dos cabos dos computadores (meras peças de adornamento?).
Almoço formal com a edilidade local, discurso de apelo à entrada na Comunidade Europeia, distribuição de placas comemorativas às delegações, enfim, a abertura oficial dos encontro.
À tarde, dá-se início às sessões de trabalho. Uma pausa pelo meio e, quando termina, sobram apenas 15 minutos para descer e “apanhar” o autocarro que nos levará a um restaurante (na Ásia ou na Europa? Não me lembro se atravessámos o Bósforo ).
Reina o bom humor mesmo quando nos é servido frango com molho de borrego… soltam-se algumas gargalhadas… barreira linguística (parece que afinal o Inglês não está em todo o lado)…
Regresso ao Hotel e são horas de descansar porque o amanhã promete ser muito cansativo.

Sexta-feira, 26 de Março
De manhã, antes da sessão de trabalho, tempo para uma visita ao Marmara Education Institutions: um espécie de paraíso educativo (privado, claro está!), mesmo ali ao lado do nosso hotel, o Marma kongre Merkezi.
O dia é passado com sessões de trabalho, o que resta da manhã e à tarde. O tempo torna-se curto para algumas apresentações.
Jantar num centro comercial. Tempo para algumas compras e grande corropio à volta das inúmeras sapatarias, onde fomos encontrar uma marca portuguesa, recentemente caída em desgraça (Foi parar longe, a Aerosoles!).
À noite, os portugueses reúnem num dos quartos para preparem a aula de português do dia seguinte… e a noite torna-se longa.

 
Sábado, 27 de Março
Uma manhã com muito calor humano. Na escola, os alunos recebem-nos com curiosidade e desejo de aprender… canta-se o hino nacional...
Ataturk, herói fundador da república da Turquia, visivelmente satisfeito com a nossa iniciativa nacionalista, olha-nos do alto da sua moldura (Imagem obrigatória em todas as salas de aula, edifícios públicos e privados, hotéis, restaurantes, jardins e todos-os-demais-sítios-que-se-possam-imaginar!), com o seu olhar enigmático (E pose “salazarenta”, qual parente grande do G.O., celebrizado no nosso país pelo pontapé da expulsão. Ena, esta saiu bem, não foi?! Dão-se gomas turcas a quem adivinhar de que parente estou a falar!!...)
À tarde... finalmente uma visita a Istambul: Palácio Topkapi, Basílica de Santa Sofia, Mesquita Azul, também conhecida por Mesquita do Sultão Ahmed, cisterna da mesquita e Bazar.
Culturas diferentes, hábitos diferentes… Finalmente, sim, estamos em Istambul!
Às 19h, recolhem-nos e era suposto estarmos jantados, isto porque a hora de jantar, na Turquia, situa-se entre as 18 e as 20 h.. Vimo-nos gregos (Todos excepto a delegação da Grécia, que essa já nasceu grega…) para jantar qualquer coisita no hotel, cujo restaurante, à hora que chegámos (21h, hora perfeitamente decente para qualquer país do sul da Europa). Arranjou-se uma sopa de tomate instantânea e uma “sandocha” no restaurante do hotel, que caíram que nem ginjas, depois de uma almoçarada de feijoada à transmontana.

Domingo, 28 de Março
Destino: Praça Taksim
(Destino sonhado e ainda não realizado: Grand Bazar)
Pareceu-nos que, de alguma forma, a organização não desejava a nossa presença ao Grand Bazar. Apesar de nos dizerem que estava encerrado ao domingo, alguns ainda tentaram uma visita. Atravessaram a ponte sobre um dos afluentes do Bósforo e sentiram a cor e o cheiros orientais no bazar egípcio – o bazar das especiarias.
À noite… Jantar e cerimónia de entrega dos certificados. Alguma comida, vinho na mesa (A pedido e pela 1ª vez em toda a estadia.), brindes, discursos, danças turcas (Com tentativas mais ou menos mal sucedidas por parte dos participantes não turcos…) e demonstração/execução de artesanato local.
"After party" no salão do hotel. Uma aluna lituana cantou e tocou piano de forma exímia (Charming!!), o aluno da Bordalo Pinheiro, o Ricardo, também deu o ar de sua graça ao piano e, finalmente, sob o “comando” do coordenador grego, todos participaram em vários jogos bastante divertidos.
2 da manhã – Hora de dormir!



"(...) still we are the same" - The meeting

Após recepção pela escola anfitriã, fomos recebidos pela edilidade local, num restaurante de Samandira, onde também foram entregues placas comemorativas do encontro a cada uma das delegações.

As sessões de trabalho decorreram, logo a partir dessa tarde, num salão do hotel, durante dois dias. No primeiro, cada uma das delegações apresentou a estrutura curricular das respectivas escolas. No segundo, foram apresentadas boas práticas em sala de aula, um menú de cada país e os resultados de inquéritos, realizados em cada escola, sobre os jovens e os mass media.

As apresentações da Fernão do Pó foram realizadas pelos elementos da respectiva delegação, constituída pelas professoras Margarida Nunes, (1º ciclo), Fátima Pinheiro (H.G.P., 2º ciclo), Dora Jesus (Inglês, 3º ciclo e sec.) e Clara Santos (professora bibliotecária; 2º ciclo, L.P.).

Assim, a professora Dora Jesus apresentou os resultados do inquérito realizado a alunos da nossa escola sobre os mass media. Fez igualmente uma apresentação sobre a estrutura curricular da nossa escola e sobre os cursos CEF de Cozinha e Empregados de Mesa e o funcionamento do restaurante pedagógico.

As professoras Margarida Nunes e Fátima Pinheiro apresentaram o projecto de articulação vertical - "De rei a presidente, vá lá entender a gente!" - que estão a desenvolver com uma turma de 4º ano, no domínio da História de Portugal, envolvendo actividades semanais desta disciplina, desenvolvidas em parceria de forma a garantir uma transição para o 5º ano melhor enquadrada nas dinâmicas do ciclo de ensino que os alunos irão integrar.

A professora Clara Santos apresentou o projecto "Ler, Lazer e Aprender", desenvolvido na Escola Fernão do Pó há cerca de 5 anos, que envolveu uma investigação no âmbito das competências de leitura e do seu impacto no sucesso dos alunos. Este projecto envolveu duas das suas turmas e duas turmas do 4º ano e traduziu-se na implemenatção de uma estratégia regular de leitura recreativa, cujo impacto nas competências de leitura dos alunos e nos respectivos resultados escolares foi avaliada no início e no final do projecto e comparada com turmas de controlo. Este projecto permitiu avaliar o impacto desta estratégia de sala de aula na fluência de leitura, na melhoria dos resultados escolares, nos hábitos de leitura e até na disciplina, dando origem a dois Cursos de Formação de professores, ministrados pelas professoras Mariana Costa e Ana (?), através dos Centros de Formação de Bombarral e Lourinhã.

A entrega de diplomas ocorreu durante um jantar de despedida, no Sera Cafe, no meio de brindes e discursos.. Os participantes puderam também assistir à execução de artesanato local e "executar" danças regionais. É justo afirmar que as delegações portuguesas "viram-se gregas" para executar danças turcas. É muito movimento de pés!...

Marmara Education Institutions, um sonho!?

O Maramara Education Institutions é o sonho de qualquer professor, aluno, encarregado de educação, funcionário, sistema educativo, ministro da educação... (Quando for grande, quero ser professora aqui!!!)
Situado no campus, junto ao hotel onde estamos hospedados, é constituído por um grande complexo escolar, com ensino desde o pré-escolar até ao final do secundário e outros edifícios onde funcionam, imaginem, 9 faculdades e 2 institutos. A sério!!!
Este centro escolar é propriedade de uma empresa familiar (grande família!!!) que detem cerca de 30% do ensino privado na Turquia. É um mundo à parte, sem dúvida!! E pouco tem a haver com a restante realidade do país.
Curiosidades de fazer inveja (até a paises que se consideram desenvolvidos): os alunos começam a aprender xadrez e a frequentar os laboratórios de biologia e química, logo no pré-escolar; as aulas, a partir do 9º ano, são leccionadas em inglês; quem reprova a inglês, não transita para o secundário; no final do secundário, têm acesso a várias universidades, noutros paises, com quem têm protocolos; as turmas não têm mais de 20 alunos; ninguém faz barulho ou corre nos corredores; o bar é gigantesco e parece um bar de hotel; cada professor tem a sua secretária e computador na sala de professores; pista de prevenção rodoviária (com carrinhos e tudo!), torre com observatório astronómico (Para quê observar os astros, quando já se trabalha no céu?!!)....
(Curiosidade tranquilizadora para a professora bibliotecária da Fernão do Pó: apesar dos 350 000m2, o fundo documental da biblioteca tem apenas o dobro do nosso e está organizado, tal como o nosso, pela Classificação Decimal Universal-CDU. Boa!!)

Samandira Endustri Meslek Lisesi

Após a fotografia de grupo e um momento de convívio, durante o pequeno-almoço, estava na hora de iniciar oficialmente os trabalhos. Nada melhor do que uma visita à escola parceira turca - Samandira Endustri Meslek Lisesi - o que, traduzido em miúdos, significa qualquer coisa como Escola Industrial de Samandira.
Parceira do projecto Comenius e anfitriã deste encontro, trata-se de uma escola secundária vocacionada para as áreas tecnológicas - mecânica, electrónica, ar condicionado, refrigeração, aquecimento, energias renováveis - frequentada sobretudo por rapazes (90%).
Fomos recebidos por uma "guarda de honra" dos alunos escuteiros da escola, fardados a preceito.
Assistimos a uma audição de música tradicional executada por alunos e, após visita às oficinas da áreas tecnológicas, fomos recebidos no gabinete do director da escola que nos deu oficialmente as boas-vindas. Mais tarde, num dos últimos dias do encontro, voltámos à escola para leccionarmos uma aula de iniciação à língua portuguesa a um grupo de alunos.
Samandira Endustri Meslek Lisesi, escola a funcionar em instalações algo degradadas, mas onde não faltam as tecnologias da informação, internet, computadores, quadros multimédia e oficinas equipadas com o patrocínio de algumas marcas bem conhecidas.
Mas mais importante do que tudo isso é o entusiasmo, a afabilidade, a curiosidade, a ânsia de querer saber, mais e mais que demonstraram os alunos com quem contactámos.
No final de algumas horas de trabalho em conjunto, trocaram-se contactos e o desejo de nos reencontrarmos, em breve, em Portugal.

Bom dia, Eurásia!


Noite bem dormida, depois de um belíssimo buffet no restaurante do hotel. Enorme e muito confortável fica, junto a uma pequena zona residencial, no interior de um complexo educacional privado, no meio de pinhais a perder de vista, na zona asiática da Turquia, a uns quarenta quilómetros a sul do Bósforo que, em Istambul, separa a Europa da Ásia, o Mar de Marmara do Mar Negro.
Até ao momento, a sensação é a de estarmos num qualquer país europeu. O aeroporto Atarturk é semelhante, em tamanho e condições, ao de Lisboa. Os outdoors, junto às vias rápidas e nas fachadas dos centros comerciais, anunciam saldos e exibem lindíssimas top models mais ou menos vestidas, mas cheias de glamour. O trânsito infernal, ao final da tarde, para sair da cidade (Qual calçada de Carriche...). As filas para os autocarros. Os buracos nas estradas. Alguma contrução desordenada (Chelas, Sto. António dos Cavaleiros, Camarate, há-os em toda a parte!).

Nem mesmo a comida é assim tão diferente: yogurte natural excelente, queijos de cabra fortes mas saborosíssimos, sopa de lentilhas, salada russa, salada mista, guisado de carne de vaca, semelhante a jardineira. Diferenças: nada de bebidas alcoólicas! Ops!

Não fosse a falta de um bom café expresso e o facto de ter avistado, no percurso aeroporto/hotel, as centenas de minaretes e abóbadas das mesquitas que salpicam a cidade e arredores, estaria na hora de perguntar "Afinal, quando é que partimos para Istambul?!"
Quarta-feira, 24 de Março de 2010


4:00 (sim, 4 horas da manhã!!!)


Aeroporto de Lisboa

A esta hora da madrugada, o aeroporto parece fantasma. Silencioso, deserto... à excepção de uma meia dúzia de turistas, adormecidos no bancos, no interior, aqui e acolá. Tudo muda quando as portas automáticas se abrem e dão entrada às quatro professoras, representantes do Agrupamento no encontro Comenius, em Istambul, Turquia. Ensonadas, mas confiantes, nervosas (há quem pefira deslocar-se com "os pés bem assentes na terra"!!!...), mas cheias de espectativas em relação à experiência dos próximos dias, que promete enriquecimento a vários níveis: profissional, cultural, interpessoal e, claro está, gastronómico (O que, traduzido em números, deverá significar uns 2 quilitos a mais, ou talvez não!!!...).
Voltemos ao aeroporto. Quais adolescentes em viagem de finalistas do secundário, engolem gargalhadas e comentam a quietude daquele espaço, normalmente a fervilhar de gente. Arrastam os troleys abaulados, ajoujados de camisolas para o frio, blusas para o calor, vestidos "fashion" para os jantares e, como não podia deixar de ser, lenços para "cabeçaseuropeiasquenãopodemserapanhadasdesprevenidasemsolomuçulmano".
Perto das cinco da madrugada, chega a delegação da Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, de Caldas da Rainha, escola parceira no projecto Comenius. Apresentações, cumprimentos, um último café expresso "black, in a very small cup, please" (Esta frase vai certamente ser bastante útil durante a viagem!! E esperemos que eficaz!!).
Algumas horas depois... o embarque. Um arrepio no estômago... Cabeças nas nuvens (literalmente)!...
Pequeno-almoço a bordo. Escala em Munique. Aguarda-nos um pastor-alemão farejadordealgumacoisitailegal. Tempo para comprar um mega chocolate com avelãs. Melhor do que qualquer tranquilizante para quem prefere não andar de avião. Novo embarque. Istambul, aqui vamos nós!